Vive-se a pintura e o mundo em simultâneo. Pelo menos é assim para Pedro Andrade Nunes, advogado e pintor a viver em Londres. Sente-se cosmopolita e independente, procura a companhia dos amigos mas não sobreviveria sem o silêncio. Nada disto é mais do que a contradição natural no formato de alguém que precisa de se confrontar consigo mesmo. A pintura é um trabalho de lentidão.

O mundo exterior é um seguimento da nossa própria introspeção. Nós tentamos “entender” o que nos rodeia através das nossas lentes, filtramos através da nossa experiência, ou seja, do nosso mundo interior. Esse absorver do externo pelo interno é partilhado na tela.

Eu sou capaz de pintar com gente à minha volta, mas não sou capaz de pensar. Muitas vezes fico um bocado solitário, o que é bom, a pior solidão é quando se está rodeado por pessoas.

Para mim, a pintura é uma libertação do momento do “aqui e agora”. Não tem tempo verbal definido, é passado, presente e futuro

fotografia Mário Príncipe entrevista Constança Vaz Pinto produção executiva imgmSTUDIO